Encontros na Praça: 6 livros para pensar a Literatura Brasileira Contemporânea
Lançamento do “Encontros na Praça” na BDB Cultural, um pouco da história do GELBC, o romance As meninas e novidades sobre o lançamento do site Praça Clóvis.
Olá!
Esta é a quinta edição da newsletter do projeto Praça Clóvis: Mapeamento Crítico da Literatura Brasileira Contemporânea.
Vamos compartilhar o “Encontros na Praça”, um ciclo de debates que ocorrerá na Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles (BDB) acerca de romances da Literatura Brasileira Contemporânea publicados nos últimos 55 anos. Todos transmitidos ao vivo pelo YouTube.
O lançamento do site Praça Clóvis será em 19 de maio de 2025, com uma exposição de ilustrações e um coquetel musical na Biblioteca Demonstrativa.
Se quiser dar uma espiada em como está ficando, aqui vai o link.
Agradecemos a sua leitura!
Ilustração de Lygia Fagundes Telles por Francisco Dalcastagnè Miguel
Encontros na Praça: romances para pensar o Brasil
O Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea (GELBC), do qual o projeto Praça Clóvis faz parte, teve início em 1997, a partir de encontros regulares para debater obras literárias recém-lançadas. Por meio desses encontros, novas ações foram surgindo, como a publicação de textos a partir das discussões dos livros, e tudo isso foi se somando para a formação e consolidação de projetos do grupo, como publicações conceituadas e eventos nacionais e internacionais.
Nesses 28 anos, esses encontros estiveram sempre ativos, com maior ou menor intensidade. Assim, a edição de 2025 desse grupo de leitura será uma forma de celebrar o lançamento do site do projeto Praça Clóvis. Durante três meses, iremos nos reunir quinzenalmente para debater um livro que tenha sido resenhado para o projeto. Essa será uma atividade com direito a certificado para os participantes, mas não será necessário se inscrever, basta participar dos encontros.
As obras foram selecionadas considerando critérios importantes para o projeto, como o ano de publicação entre 1970 até o presente, além de gênero e de raça da autoria da obra. Teremos, então, uma obra por década de autores diferentes, com temáticas variadas.
Esta edição será mediada por três pesquisadoras e revisoras atuantes no projeto Praça Clóvis: Gislene Barral, Leda Cláudia da Silva e Lívila Maciel. Em cada encontro, as mediadoras se revezarão nessa tarefa e receberão convidadas, entre pesquisadores e colaboradores do projeto, para contribuírem com as discussões.
Teremos o total de 6 encontros que ocorrerão em formato híbrido, com encontros presenciais na Biblioteca Demonstrativa (BDB) e transmitidos ao vivo pelo Youtube. Sob a coordenação cultural da artista e pesquisadora Marina Mara, a BDB tornou-se parceira do projeto Praça Clóvis, oferecendo seu excelente espaço físico para esses encontros e para abrigar um cantinho especial na biblioteca com acervo construído com obras resenhadas para o site, entre outras, fruto de doação do GELBC para a BDB.
Sobre o GELBC e suas atividades, Gislene Maria Barral dá o seu depoimento:
“Não há como não sentir orgulho em fazer parte do Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea (GELBC). Mais do que um grupo de pesquisa, ele constrói um legado, um trabalho sólido e consistente, que atravessa décadas e se mantém vivo como referência indispensável nos estudos sobre literatura brasileira. E seguirá vivo sempre que um estudo gestado em seu espaço for citado nos debates acadêmicos e críticos. Sob a liderança da professora Regina Dalcastagnè, o GELBC não apenas analisa a literatura, mas amplia sua compreensão ao vinculá-la constantemente às práticas sociais.
O projeto Praça Clóvis – parte da pesquisa Mapeamento crítico da narrativa brasileira contemporânea – é um marco nessa trajetória, fruto do compromisso com a pesquisa e da dedicação sustentada ao longo de quase trinta anos. Mais do que produzir conhecimento, o GELBC deixa marcas profundas e constrói uma base sólida para as gerações futuras e para a cultura literária brasileira. Regina já previa essa permanência e relevância, ao afirmar, em seu memorial de promoção à classe de Professor Titular da Universidade de Brasília: estamos aqui ‘de passagem, mas não a passeio’.
O impacto desse trabalho já ultrapassa fronteiras. O nome de Dalcastagnè e as pesquisas do grupo integram os estudos de literatura no Brasil e no exterior. Não se trata apenas de um tijolo na construção do conhecimento, mas de uma parede inteira, um divisor de águas na crítica literária. O GELBC não é um projeto que se encerra, mas um caminho que continua, deixando rastros para quem vier depois, em busca de compreender o Brasil por meio de sua literatura, cultura e sociedade.”
Gislene Maria Barral
Programação do “Encontros na Praça”
1. Primeiro encontro (1970) – 10/04 – As meninas, de Lygia Fagundes Telles (1973)
MEDIADORA: Lívila Maciel
CONVIDADAS: Ana Rüsche e Eduarda Brum
2. Segundo encontro (1980) – 24/04 – A expedição Montaigne, de Antonio Callado (1980)
MEDIADORA: Gislene Barral
CONVIDADOS: Mariana Moura e Pedro Mandagará
3. Terceiro encontro (1990) – 08/05 – O cachorro e o lobo, de Antônio Torres (1990)
MEDIADORA: Lívila Maciel
CONVIDADOS: Igor Ximenes Graciano e Letícia Miranda
4. Quarto encontro (2000) – 22/05 – Becos da memória, de Conceição Evaristo (2006)
MEDIADORA: Gislene Barral
CONVIDADAS: Letícia Miranda e Maria Clara Machado
5. Quinto encontro (2010) – 05/06 – O que deu para fazer em matéria de história de amor, de Elvira Vigna (2012)
MEDIADORA: Leda Cláudia
CONVIDADAS: Carolina Vigna e Ludmila Moreira
6. Sexto encontro (2020) – 26/06 – Onde pastam os minotauros, de Joca Reiner Terron (2023)
MEDIADORA: Leda Cláudia
CONVIDADAS: Larissa Dantas e Regina Dalcastagnè
Para quem não puder estar presencialmente na Biblioteca Demonstrativa, haverá transmissão ao vivo: Youtube da BDB Cultural (@bdbcultural).
Ilustração de Manuela Dib para a resenha de As meninas, de Lygia Fagundes Telles
Década de 1970, a censura e As meninas, de Lygia Fagundes Telles
A resenha de Nilton Resende para o site Praça Clóvis destaca a importância do romance nos anos de chumbo da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). Terceiro romance de Lygia Fagundes Telles (1918-2022), As meninas (1973) apresenta a vida das jovens Ana Clara, Lia e Lorena sob o jugo da ditadura. Resende ressalta uma curiosidade, que foi o fato de o romance ter burlado a censura por sua linguagem exigente. Além disso, suas temáticas permanecem atuais, conforme se pode conferir em alguns trechos da resenha destacados a seguir.
“Exemplos disso avultam na obra, como uma das conversas travadas entre Lia e seu amigo Pedro, em que ela diz: ‘Conheço uma freirinha que você olha e diz, bom, não tem uma avozinha igual. Precisa ler as cartas anônimas que escreve pra todo mundo. Só espero que não ache o endereço do Dops, está quase cega’. Mais à frente, Pedro fala: ‘Acho que tenho mais medo da gente lá de casa do que da polícia. Meu irmão mais velho faz parte daquela onda de tradição e família, você precisa ver como ficou histérico. Morro de medo dele’.”
É sabido que o período ditatorial brasileiro ficou documentado na história como o de maior repressão à cultura e temível por conta das prisões e torturas, mas no seu auge Lygia publicou este romance em que, de acordo com a Associação Brasileira de Letras:
[...] ela registra uma posição de clara recusa ao regime militar. Em 1976, fez parte de um grupo de intelectuais que foi à Brasília entregar um importante manifesto contra a censura, o “Manifesto dos Mil”. Dessa forma, torna-se evidente que a literatura da autora Lygia Fagundes Telles é um relato metafórico da história do Brasil no período dos “Anos de Chumbo”.
No primeiro debate do “Encontros na Praça”, a mediadora Lívila Maciel receberá as convidadas Ana Rüsche e Eduarda Brum. Ana Rüsche é escritora, professora e pesquisadora com diversos livros e já publicou um texto sobre o romance de Lygia para a Revista Suplemento Pernambuco intitulado "As meninas" e a convicção da amizade nos tempos de crise. Eduarda Brum é mestranda vinculada ao Programa de Pós-graduação em Literatura da Universidade de Brasília. Sua pesquisa é focada nos aspectos experimentais da linguagem literária.
Podcast: divulgação
O podcast do Praça Clóvis foi viabilizado pela parceria com a Movie App e tem roteiro e locução de Deborah Fortuna e Luiza Barufi.
Ouça agora os episódios e nos siga no seu agregador preferido:
Por dentro do mapeamento da Literatura Brasileira
O poder das resenhas críticas
A importância da tradução
O poder da imagem
Você já leu alguma obra do “Encontros na Praça”?
Lançamento do site e exposição na BDB: para anotar na agenda
🗓️ No dia 19 de maio, o site do Praça Clóvis será oficialmente lançado na Biblioteca Demonstrativa (BDB) com uma exposição de aproximadamente 50 ilustrações das resenhas, com curadoria do artista visual e escritor Léo Tavares, apresentação musical de Leonel Laterza e trio e visita guiada ao Espaço Praça Clóvis na BDB.
A exposição estará disponível para visitação de 19 de maio a 26 de junho de 2025. Aproveite!
Agradecemos se puder repassar a newsletter a amigos e colegas. É essa rede entre pessoas que faz as coisas serem construídas de verdade.
Sobre esta edição
Esta foi a quinta edição da newsletter do Praça Clóvis:
Mapeamento Crítico da Literatura Brasileira Contemporânea.
Realização
Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea (GELBC), da Universidade de Brasília (UnB), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Coordenação do projeto
Regina Dalcastagnè (UnB)
Créditos desta edição
Texto: Ana Rüsche, Leda Cláudia da Silva e Priscila Calado
Depoimento: Gislene Maria Barral
Ilustrações: Francisco Dalcastagnè Miguel e Manuela Dib
Revisão: Ana Rüsche e Leda Cláudia da Silva
Brasília, 08 de abril de 2025.
Excelente projeto!
Que projeto maravilhoso, parabéns pela continuação e persistência :)